quinta-feira, 26 de abril de 2012

Mario Quintana


Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu... Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?

             Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Verissimo - que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras.

(Texto escrito pelo poeta para a revista IstoÉ de 14/11/1984)

Centenário

Durante todo o ano de 2006, a vida e obra de Mario Quintana serão lembradas em uma extensa programação de eventos culturais, marcando os 100 anos de nascimento do poeta. O "Ano do Centenário de Mario Quintana" foi instituído pelo Governo do Estado, através do Decreto n.º 43.810, de 24 de maio de 2005.

            A lei também institui uma Comissão responsável pela promoção dos eventos. Presidida pelo governador Germano Rigotto, ela é integrada pelo vice-governador Antonio Hohlfeldt, pelos secretários de Cultura e da Educação e pelos diretores da Casa de Cultura Mario Quintana e do Instituto Estadual do Livro, além de representantes da Uergs, PUC e Prefeitura de Porto Alegre.

Cronologia

  • 1906 nasce Mario Quintana, no dia 30 de julho, na cidade de Alegrete (RS), filho do farmacêutico Celso de Oliveira Quintana e Virgínia de Miranda quintana. O avô materno, Eduardo Jorge de Miranda, e o avô paterno, Cândido Manoel de Oliveira Quintana, era médicos.
  • 1914 Freqüenta a Escola elementar mista de d. Mimi Coutinho.
  • 1915 Freqüenta a escola do professor português Antônio Cabral Beirão, concluindo o curso primário.
  • 1919 É matriculado no Colégio Militar de Porto Alegre, em regime de internato.
  • 1924 Emprega-se na Livraria do Globo, trabalhando com Mansueto Bernardi durante três meses
  • 1925 Retorna a Alegrete, onde trabalha como prático na farmácia de seu pai. * Elaborada a partir de KANTER, Suzana. Cronologia da vida e da obra de Mario Quintana. In: Mario Quintana. Autores Gaúchos, n. 6. Porto Alegre: Instituto Estadual do Livro, 1997, e de Pedro Villas-Boas In: Mario Quintana, vida e obra, de Nelson Fachinelli, Porto Alegre: Bels, 1976.
  • 1926 Falece sua mãe. É premiado em um concurso de contos do jornal Diário de Notícias com o trabalho “A sétima personagem”.
  • 1927 Falece seu pai. Um poema seu é publicado por Álvaro Moreyra na revista Para Todos, do Rio de Janeiro.
  • 1929 Ingressa na redação do jornal O Estado do Rio Grande, dirigido por Raul Pilla, em Porto Alegre
  • 1930 Colabora com a Revista do Globo, de Porto Alegre. Em outubro, alista-se como voluntário no Sétimo Batalhão de Caçadores e vai para o Rio de Janeiro, onde permanece seis meses.
  • 1934 Sua primeira tradução, do livro Palavras e sangue, de Giovanni Papini, é publicada pela Editora Globo, de Porto Alegre. Traduz ainda, entre outros autores, Marcel Proust, Guy de Maspassant, Virginia Woolf, Aldous Huxley, Somerset Maughan e Joseph Conrad.
  • 1940 Publica A rua dos cataventos, livro de sonetos, pela Editora Globo, de Porto Alegre.
  • 1943 Inicia a publicação Do caderno H, na Revista Província de São Pedro.
  • 1946 Publica Canções, poemas, pela Editora Globo de Porto Alegre.
  • 1948 Publica Sapato florido, poesia e prosa, pela Editora Globo, de Porto Alegre. A mesma editora publica O batalhão das letras.
  • 1950 Publica O aprendiz de feiticeiro, poemas, pela Editora fronteira, de Porto Alegre.
  • 1951 Publica Espelho mágico, coleção de quartetos, pela Editora Globo, de Porto Alegre, com apresentação de Monteiro Lobato.
  • 1953 Publica Inéditos e esparsos pela Editora Cadernos do Extremo Sul, de Alegrete. Começa a trabalhar no jornal Correio do Povo, onde publica Do caderno H.
  • 1962 Publica Poesias, volume que reúne seus cinco livros anteriores editados pela Editora Globo e Divisão de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande do Sul.
  • 1965 Lançamento de um disco com poemas interpretados pelo autor.
  • 1966 Publica Antologia poética, organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos pela Editora do Autor, do Rio de Janeiro. Em dezembro recebe o Prêmio Fernando Chinaglia para o “melhor livro do ano” por esta Antologia. No dia 30 de julho completa 60 anos. No dia 25 de agosto é saudado na Sessão da Academia Brasileira de Letras por  Augusto Meyer e Manuel Bandeira.
  • 1967 Recebe o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre, conferido pela Câmara de Vereadores. Começa a publicar a seção Do caderno H no suplemento literário “Caderno de Sábado” do jornal Correio do Povo. A colaboração se estenderá até 1980.
  • 1968 É homenageado pela Prefeitura de Alegrete com uma placa em bronze onde estão inscritas suas palavras: “Um engano em bronze é um engano eterno”. Falece seu irmão mais velho, Milton.
  • 1973 Publica o livro Caderno H, com textos em prosa selecionados pelo autor para a Editora globo.
  • 1975 Publica Pé de pilão, poesia infanto-juvenil, co-edição do Instituto Estadual do Livro/DAC/SEC com a Editora Garatuja e introdução de Erico Verissimo.
  • 1976 Recebe a medalha “Negrinho do Pastoreio” do Governador do Estado do Rio Grande do Sul quando completa 70 anos. Publica Apontamentos de história sobrenatural, poesia, pelo Instituto Estadual do Livro/DAC/SEC e Editora Globo. Publica Quintanares, edição-brinde de poesias, distribuída pela MPM Propaganda.
  • 1977 Publica A vaca e o hipogrifo pela Editora Garatuja, de Porto Alegre. Recebe o prêmio Pen Clube de Poesia Brasileira por seu livro Apontamentos de história sobrenatural.
  • 1978 Publica Prosa & verso, antologia paradidática, pela Editora Globo. Publica Chew me up slowly, tradução do Caderno H por Maria da Glória Bordini e Diane Grosklaus, pela Editora Globo e Riocell. Falece sua irmã Marietta Quintana Leães.
  • 1979 Publica Na volta da esquina, antologia, na coleção RBS-Editora Globo. Em Buenos Aires, publica Objetos perdidos y otros poemas, tradução de Estela dos Santos, organizado por Santiago Kovadloff.
  • 1980 Publica Esconderijos do tempo, pela L&PM Editores. Recebe o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra literária, no dia 17 de julho. Com Cecília Meireles, Vinicius de Moraes e Henriqueta Lisboa, integra o sexto volume da coleção didática Para gostar de ler, da Editora Ática, de São Paulo.
  • 1981 Publica Nova antologia poética, pela Codrecri, do Rio de Janeiro. Retoma a publicação dos textos Do caderno H, no suplemento literário “Letra & Livros”, do Correio do Povo até 1984, quando o jornal encerra temporariamente suas atividades.
  • 1982 Em 29 de outubro, recebe o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade Federal do rio Grande do Sul.
  • 1983 Publica Lili inventa o mundo, seleção de textos por Mery Weiss, pela Editora Mercado Aberto, de Porto Alegre. Na coleção Os melhores poemas, da Global Editora, de São Paulo, é publicada uma antologia com organização de Fausto Cunha. Na III Festa Nacional do Disco, em Canela (RS), é lançado o álbum duplo Antologia poética de Mario Quintana, pela Gravadora Polygram. O prédio do Hotel Majestic, tombado como patrimônio histórico do Estado em 1982,
    torna-se casa de Cultura Mario Quintana por meio de lei promulgada em 8 de julho de 1983. Nesse hotel o poeta viveu de 1968 a 1980.
  • 1984 Publica Nariz de vidro, seleção de textos de Mery Weiss, pela Editora Moderna, de São Paulo. O batalhão das letras sai em 2ª edição, pela Editora Globo. Lança O sapo amarelo, pela Editora Mercado Aberto, na XXXª Feira do Livro de Porto Alegre. Publicação de Mário Quintana. Poemas, tradução de César Calvo, em Lima, no peru, pelo Centro de Estúdios Brasileños.
  • 1985 Publicação do álbum Quintana dos 8 aos 80, Relatório da Diretoria SAMRIG 1985, com texto analítico e pesquisa de Tânia Franco Carvalhal, fotografia de Liane Neves, ilustrações de Liana Timm e projeto gráfico de Marilena Gonçalves. Lança a antologia paradidática Primavera cruza o rio, organização de Maria da gloria Bordini, Porto Alegre, Globo. Lança igualmente pela mesma editora Diário Poético e Nova Antologia Poética.
  • 1986 Patrono da XXXI Feira do Livro de Porto Alegre, em 25 de outubro, é saudado por Tânia Franco Carvalhal. Lançamento da antologia 80 anos de poesia, organizada por Tânia Franco Carvalhal para a Editora Globo (agora adquirida pelas Organizações Globo), nos 80 anos do poeta. Publica Baú de espantos, pela Editora Globo, reunião de 99 poemas inéditos (1982-86). Recebe os títulos de Doutor Honoris Causa da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
  • 1987 Publica Da Preguiça como método de trabalho, pela Editora Globo, coletânea de crônicas da seção Do caderno H, do jornal Correio do Povo. Publica Preparativos de viagem, pela Editora Globo.
  • 1988 Publica Porta giratória, pela Editora Globo, reunião de escritos em prosa.
  • 1989 Publica A cor do invisível, pela Editora Globo, e Antologia Poética de Mario Quintana, seleção de Walmir Ayala, Rio de Janeiro, Ediouro
    Recebe os títulos de Doutor Honoris Causa da Universidade de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É eleito o Príncipe dos Poetas Brasileiros, entre escritores de todo o país, em promoção da Academia Nilopolitana de Letras, Centro de Memórias e Dados de Nilópolis e o jornal A Voz dos Municípios Fluminenses. É o quinto poeta a receber esse título. Seus antecessores: Olavo Bilac, Alberto Oliveira, Olegário mariano e Guilherme de Almeida.
  • 1990 Publica Velório sem defunto, poemas inéditos, pela Mercado Aberto, Porto Alegre.
  • 1992 Lançamento, em edição comemorativa, de A rua dos cataventos, pela Editora da UFRGS.
  • 1993 Poemas inéditos publicados na Revista Poesia Sempre, da Fundação Biblioteca Nacional/Departamento Nacional do Livro. Integra a antologia bilíngüe Marco Sul/Sur-Poesia, publicada pela Editora Tchê!. Seu texto Lili inventa o mundo recebe montagem para teatro infantil de Dilmar Messias. Treze de seus poemas são musicados pelo maestro Gil de Rocha Sales.
  • 1994 Publicação de Sapato furado, pela Editora FTD - antologia infanto juvenil de poemas e prosa poética, com posfácio de Sergio Faraco. Publicação de textos no número 211 da revista literária Liberté, editada em Montreal, Quebec, Canadá. Publicação pelo Instituto Estadual do Livro (RS) de Cantando o imaginário do poeta, espetáculo musical constituído de poemas musicados pelo maestro Adroaldo Cauduro e apresentado no teatro Bruno Kiefer pelo Coral da Casa de Cultura Mario
    Quintana. Falece no dia 5 de maio.

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