quinta-feira, 26 de abril de 2012

Geografia


Em 2050, nove bilhões de pessoas. Como alimentá-las?

Alimentar mais, emitir menos CO2. O conflito entre o aumento da produtividade e ambientalismo: a agropecuária é realmente inimiga da natureza, insensível, e criminosa? O agronegócio brasileiro é alvo de fantasias publicitárias e ataques sem nexos. Sem a conservação do solo praticada pelos próprios produtores a agropecuária não seria viável Além disso, o agronegócio brasileiro responde por 25% da economia do país e por 37% da geração de emprego.

Agropecuária e ambientalismo não passam de um conflito absurdo. O Brasil possui 60% de vegetação nativa (ou estoque de carbono), já a Europa possui 0,2%. Poupança ambiental e responsabilidade ao meio ambiente aliadas à tecnologia e produtividade é o caminho para alimentar nove bilhões de pessoas em 2050. A senadora Kátia Abreu argumenta em defesa ao agronegócio brasileiro no Fórum Internacional de Estudos estratégicos para o Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima - FEED 2011, promovido pela Confederação da Agricultura e da Agropecuária do Brasil (CNA), nesta segunda-feira dia 05 de Setembro.

Estiveram presentes na mesma mesa redonda de abertura o representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - FAO no Brasil, o moçambicano Hélder Muteia, Deborah La Franchi, presidente da empresa norte americana "Soluções Estratégicas para o Desenvolvimento" e o economista José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda.

Atualmente aproximadamente 925milhões de pessoas são vítimas da fome (FAO), concentradas na Ásia (580milhões), África (240milhões) e América Latina/Caribe (55milhões). Percebe-se que a pobreza é a mãe da fome. Fraca produção agrícola, desigualdade social, conflitos sociais, problemas econômicos, desastres naturais e pragas, desertificação e alta volatilidade dos preços são as principais causas da fome.

A FAO tem o objetivo de até 2050 reduzir pela metade o número de pessoas com fome e conhece as dificuldades presentes no contexto atual. Forte crescimento populacional, aumento da escassez de água doce (1,2bi pessoas não têm água para consumo e 2bi não têm saneamento básico), mudanças climáticas (aumento de incidentes de desastres naturais), degradação do solo (20% do solo mundial encontra-se em algum estágio de degradação), aumento da renda dos países emergentes e crescimento da demanda por alimentos (consumo está maior que produção, diminuindo os estoques mundiais de alimentos), aumento dos preços de combustíveis (fundamentalmente pelo aumento do preço do petróleo), urbanização e novos hábitos alimentares.

Como pilares chave para o futuro da agropecuária a FAO defende a facilidade de acesso a terra e água, à tecnologia, ao mercado e acesso a crédito e seguros agrícolas. Até 2050 a produção necessita aumentar em 70% ocupando praticamente a mesma área que a utilizada atualmente e curiosamente o capital mundial investido em pesquisa e desenvolvimento (P&D) está diminuindo.

É preciso combater a pobreza, formar fortes lideranças (o G20 é um começo), aumentar investimentos na agricultura, desenvolver a união por cooperação (no Brasil há bons exemplos) e mudar o quadro institucional criando políticas públicas favoráveis à produção agropecuária.

Na questão de disponibilidade de crédito e financiamento da produção agropecuária existem diversas fontes de recursos disponíveis, para serem aplicados em insumos, gestão de recursos hídricos, manejo de solo (Brasil é referência em plantio direto), infra-estrutura (fator crítico no Brasil), tecnologia, treinamento, P&D (Brasil também é referência no caso da soja) e mitigação de riscos e seguros agrícolas. Essas fontes de recursos estão mais desenvolvidas no exterior tanto para produção em larga escala quanto para média e pequena, são basicamente fundos de investimento e no Brasil é necessário maior envolvimento do governo para atrair tais fundos.

Podem ser citados três maiores desafios para o Brasil nesta jornada para o aumento da produção de alimentos até 2050. A doença dos custos altos que já é realidade na indústria brasileira está chegando ao setor agropecuário e precisa ser acompanhada de perto, pois o sintoma é o aumento do custo de produção, causado pela alta carga tributária, pela piora na qualidade da regulamentação do setor agro, pelo alto preço da energia elétrica e pelos problemas causados pela deficiente infra-estrutura do país. Os dois outros desafios são melhorar a eficiência média nacional da gestão "dentro da porteira", (micro-economia) e avançar na implementação das questões ambientais.

O Brasil está abastecendo adequadamente o mercado interno e suas exportações estão permitindo bons resultados para a balança comercial, aumentar a produtividade sem aumentar áreas cultivadas é uma realidade, assim como é a transferência de tecnologia agropecuária (até para outros países). Agora o importante é aumentar ainda mais essa disseminação tecnológica de boas práticas e mostrar que não há contradição em aumentar a produção e ao mesmo tempo, atender às exigências ambientais.

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